Folhas em branco e a escrita da vida
Folhas em branco e a escrita da vida
de Guilherme Fraenkel
Avião de papel voando no céu. Imagem de Svilen Milev em FreeImages.com
Quando nasci ganhei um bloco de folhas em branco e uma caneta.
“É para escrever sua própria história”…
Repetiam conforme eu crescia.
Mas nem sempre temos controle sobre as escritas da vida!
Com certo desespero se debatiam os adultos diante de minha eterna rebeldia.
Eu insistia em usar o tubo da caneta como arma de dardos de papel e em fazer dobraduras com as folhas imaculadamente brancas de meu bloco.
Jamais pensei na possibilidade de escrever sobre aquelas belas alvas folhas…
“É um desperdício”!
Diziam para mim enquanto eu corria armado com tubo de caneta e o bloco na mão pelos cantos da casa.
Eu gostava de me esconder onde só as crianças cabem e ficava horas dobrando papel…
Meus aviões eram os melhores!
Voavam longe e frequentemente carregavam dobraduras de flores.
Eu queria que as ruas da vizinhança fossem jardins floridos como via nos filmes da televisão e nos meus livros de história.
Meus aviões decolavam de qualquer janela do apartamento de andar alto.
Bastava uma janela aberta e o descuido dos adultos…
A defesa do uso consciente das alvas folhas do bloco de papel era sempre atacada por mim.
Eu Acho que até hoje sou meio assim…
Escritor de aviões dobrados e alvas flores.
Deixo ao mundo a alegria de trazer as cores.
Prefiro saborear a aventura de ver vidas invadidas por aviões e flores
Minha caneta?
Aposentei definitivamente!
Cultivo a paz na mente mesmo que precise de careta incoerente…
Um comentário
Lindo! Delicado! Amoroso!