Alvorada Raiada

Surpreendida pelo gracejo na nova alvorada,
 Despertei como alma renovada.
 Atormentada pela noite sem sol,
 Perdi as estrelas e a calmaria enluarada.

Enlutada,
 adormeci exausta e desesperançada.
 Marés cheias nos olhos,
 Vazantes no coração…

Surpreendi-me ao despertar. 
 Sob gracejos do amante inisistente,
 Manhã luminosa no meu atol!
 Inesperada alegria vicejante…

Sou viajante construindo esperança;
 Alma por vezes cançada do labor;
 Estrada solitária de solidárias descobertas;
 Despertares em muitos lares.

Cidadã do universo,
 Prolongo a estadia a cada nova morada.
 Pelo sol acalentada,
 Cada vez mais vivencio e respiro a mim mesma.

Sou alma vivida;
 Histórias passadas;
 Expectativas frustradas;
 Existências arquitetadas.

Em nova alvorada raiada,
 Mais uma vez convencida à vida,
 Quero seguir alvoroçada.
 Nua sob o redespertar da esperança…

Corro pela praia de água gelada.
 Revivo a água salgada.
 Sinto a areia escorrer sob os pés.
 Menestréis que cantam sob a nascida alvorada…

Celebro o sol.
 Vivendo o dia percebo: 
 Ele também é estrela em algum atol!
 Força motriz da vida e poesia ativa…

Estrela em noite fria não há de ser placebo!
 Maré enche nos olhos. 
 Coração transpira.
 A mente quer voar e nem percebo…

Na fotografia do universo vivido
 Projeto dias mas da noite ando esquecido!
 Em meu atol há mais de um sol!
 Desafio a ser sentido…

Por que temer as noites no estaleiro enluarado?
 Alma iluminada segue.
 Sente noite e dia.
 Deveria viver em constante euforia…

Descobri o que a noite irradia!
 Descoberta tardia?
 Talvez fruto de muitos dias de sol solitário!
 Curiosidade brota…

Como serão os dias com muitas estrelas?
 Atol onde o sol é só mais um menestrel.
 Alma e réu acusados de heresia?
 Talvez só um viajante querendo viver no universo…

Sinto o verso a renovar-se!
 Chegando ao reverso,
 Pensei que era o fim.
 É apenas o anúncio da continuidade sem fim…